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terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Morro da Conceição

Há alguns anos que ouvimos falar da revitalização da Região Portuária do Rio. Desde a primeira gestão do incompetente César Maia que essa discussão acontece, mas parece que agora alguns passos, ainda tímidos, estão sendo dados.

A autorização da prefeitura para a construção do aquário, a Cidade do Samba, a reforma do porto que recebe os turistas dos transatlânticos (três armazéns estão quase prontos e ano que vem mais dois serão revitalizados, criando shoppings e restaurantes), a boate The Week, o Centro Cultural Ação da Cidadania, Cabaré Kalesa e o Sacadura Cabral são apenas algumas iniciativas recentes que apontam para um futuro promissor. Além disso, dizem, o Eduardo Paes vai transferir o gabinete para a Praça Mauá e o IPHAN, que tem planos de revitalização desde a década de 80, sinalizou algumas intervenções para o ano que vem.

A região também conta com grupos culturais locais que realizam eventos nas ruas, como o bloco Escravos da Mauá, a Orquestra de Tambores e o grupo de percussão do Morro da Conceição.

A imprensa já tem noticiado o local como a Nova Lapa, já que tem atraído grande fluxo de pessoas nos finais de semana.

Ainda existem grandes problemas para solucionar, como o escoamento das águas das chuvas, grande quantidade de moradores de rua, pouco policiamento, muita sujeira e construções degradadas e abandonadas.

O objetivo desse texto é falar sobre o Morro da Conceição. Assim como a Rua Sacadura Cabral é a Nova Lapa, o Morro da Conceição é a Nova Santa Tereza. Fisicamente são muito parecidas, com sobrados centenários, vilas operárias e outros prédios bem antigos, além da grande concentração de artistas. É a Santa Tereza em estado puro, sem badalação, bistrôs, bares da moda e gringos circulando. Estou realmente encantado com o lugar. Espero que você goste deste pedacinho escondido do Rio, que, aliás, foi onde surgiu nosso amado botequim.

Morro da Conceição

Fica localizado entre a Avenida Rio Branco e Marechal Floriano Peixoto, a Rua Venezuela, Camerino e a Acre. Ganhou esse nome por conta de uma capela à Nossa Senhora da Conceição erguida em 1634 por um casal de moradores.

Foi ocupado, junto com outros morros da cidade, em 1711 pelo corsário francês René Duguay Trouin, que contou com uma esquadra de 18 navios e 5.764 homens. Corsários eram piratas com autorização do rei para realizar saques, a fim de burlar tratados assinados entre países. Naquela época, eram comuns cidades servem invadidas e pilhadas. Ele conseguir passar entre os dois fortes que existem na entrada da Baía de Guanabara (Urca e Niterói) e deixou o Rio depois de receber do governo um resgate de 610.000 cruzados, 100 caixas de açúcar e 200 cabeças de gado.

Pedra do Sal



É literalmente uma pedra, com uma escada talhada que dá acesso ao morro. Tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural, é referencia da cultura e religião africana na cidade. Além ponto de chegada e comercialização de escravos (o mar ia até ali), foi local de realizão de cerimônias de candomblé e um dos berços do samba. Em um bar, que ainda existe e toda segunda acontece uma roda de samba de primeira (um dia comento), se encontravam músicos como João da Baiana, Heitor dos Prazeres, Pixinguinha, Lecy Brandão, Martinho da Vila entre outros.

Observatório do Morro do Valongo

No alto do Morro da Conceição funciona o observatório que pertence à UFRJ, onde são lecionadas aulas dos cursos de graduação e pós-graduação em astronomia. Fundado em 1926 numa antiga chácara onde escravos para venda eram aprisionados.

Palácio Episcopal

A Capela da N S da Conceição foi doada para os capuchinhos franceses em 1699, que construíram um hospício. Em 1702, depois de serem expulsos do Brasil por motivos políticos, foi transformado em palácio episcopal (onde mora o Bispo). Hoje pertecence à 5ª Divisão de Levantamento do Serviço Geográfico do Exército, que abriga o museu cartográfico, com uns dos mapas mais antigos do país.

Fortaleza N S da Conceição

Foi instalada onde antes funcionava a Bateria do Morro da Conceição, construída por René Duguay quando invadiu a cidade. Sua construção fazia parte de um plano de defesa do Rio de Janeiro, que contou com o aprimoramento de alguns fortes, instalação de canhões na orla e muralhas. Nunca foi usada, já que os tiros atrapalhavam os trabalhos espirituais no Palácio Episcopal, vizinho da fortaleza. Recebeu prisioneiros famosos da inconfidência mineira e baiana.

Tombado pelo IPHAN, agora abriga a 5ª Divisão de Levantamento do Serviço Geográfico do Exército, com um Biblioteca Histórica aberta ao público.

Largo do São Francisco da Prainha

Localizada na rua Sacadura Cabral, possuia uma forca para execução de condenados. Hoje recebe uma vez por mês os ensaios do bloco Escravos da Mauá.

Fontes:


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