Páginas

Mostrando postagens com marcador Artista de rua. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Artista de rua. Mostrar todas as postagens

domingo, 7 de agosto de 2011

Flanagem e banda 8ctoplus

O hábito de flainar pelo centro da cidade se fortaleceu depois da construção da Avenida Central, atual Rio Branco, que com suas construções inspiradas pela arquitetura francesa fez com que mulheres e famílias caminhassem por sua extenção com calma, entrando nos cafés e livrarias para um bate-papo, como se não houvesse amanhã. O próprio verbo flainar, ou flanar, vem do francês flâneur.

Flanar é andar pelas ruas observando tudo a volta, reparando detalhes que passariam despercebidos pelos transeuntes apressados. Sou um flâneur, ou um flanador, desde muito pequeno. A foto abaixo foi feita pela minha digníssima no início do nosso namoro, com uma máquina analógica, daquelas que utilizavam filmes. Retrata um casal de velhinhos que tentava levantar um qualquer tocando sanfona na Rua Uruguaiana. Quando pedi para bater a foto eles ajeitaram os cabelos, esticaram as roupas, se preparam para ficar bonitos no registro.


Adoro esta foto. É uma singela lembrança que me emociona até hoje e que para mim tem milhões de significados. Mostra a dificuldade de um casal em sobreviver com uma aposentadoria de fome, a criatividade e talento para música e, principalmente, a significa amor verdadeiro de um casal que provavelmente está junto há muitos anos enfrentando as agruras e felicidades que toda vida reserva.

Foi flainando que gravei o Michael Jackson da Uruguaiana e o pintor com spray, sem contar dezenas de outras apresentações de artistas de rua que parei para assistir sem registrar.

Mágico no Largo da Carioca
A mais recente apresentação que assisti foi a banda francesa 8ctoplus, que roda o mundo tocando nas ruas. Assista abaixo:



O áudio não ficou muito bom, mas in loco a apresentação era animadíssima. O CD estava sendo vendido por R$10,00 e muitas pessoas compraram. Restavam poucas unidades dentro do case.

sábado, 21 de agosto de 2010

Praça XV e Voz do Povo - Memória do Rio em Ditos

Poucos lugares foram palco de tantos acontecimentos históricos no Brasil quanto a Praça XV. Foi ali que a família imperial desembarcou em 1808. De uma janela do Paço, o Príncipe Regente D. Pedro de Alcântara disse ao povo que ficaria. Foi neste mesmo palácio que a Lei Áurea foi assinada.

Na Igreja Nossa Senhora do Carmo D. João VI foi consagrado Rei de Portugal, Brasil e Algarves, a única sagração de um Rei europeu realizada em terras americanas. Na pia batismal da mesma igreja, D. Pedro II e Princesa Isabel foram batizados.

D. Pedro I, em dezembro de 1822 e D. Pedro II, então com apenas 15 anos, em julho de 1841 foram sagrados reis.

Tiradentes ficou numa prisão onde hoje está localizado o palácio que leva seu nome, antes de ser levado para forca na praça também homônima.

A Praça XV é um lugar riquíssimo e uma das maiores atrocidades cometidas nesta cidade foi a construção do Elevado da Perimetral no meio dela, erguido na década de cinquenta pelo prefeito Negrão de Lima. Em qualquer país sério, um espaço como aquele seria patrimônio histórico. Eduardo Paes quer demolir o elevado, mas até agora só o trecho da rodoviária até a Praça Mauá já foi confirmado para ir abaixo.


Ontem, indo em direção a estação para voltar de barca, reparei algumas instalações na praça que chamaram minha atenção. Eram intervenções que contavam um pouco dessas história, desconhecida da maioria dos cariocas. Um banco com diversas placas pedia aos transeuntes que ficassem. Os que assim faziam, poderiam ler um pouco sobre o Dia do Fico.

Um cubo de lona com armação de metal, com uns dois metros de lado e iluminado por dentro, mencionava a Lei Áurea, com um espaço no qual qualquer pessoa pode assinar seu apoio. Escrevi meu nome lá. Em outra face, imagens de escravos com espelhos no lugar do rosto, onde o observador vê sua própria face refletida, significando que todos nós, por causa da miscigenação, temos sangue negro nas veias.

Ao lado do Paço, uma passagem dos reis, citando o túnel que liga o palácio à Igreja do Carmo, logo em frente, para que a família imperial não precisasse se misturar com a plebe ao cumprir suas obrigações religiosas.

Enormes painéis de papel com negros com braços levantados cobrem os pilares do viaduto. É uma alusão a participação dos escravos na construção deste país.


A iniciativa faz parte do projeto A Voz do Povo: Memórias do Rio em Ditos, que estará presente também na Cinelândia, Largo do Machado, Lapa e Glória. Os ditos ficam em placas ao lado das obras, que contam um fato histórico que aconteceu naquele lugar.

É esse tipo de arte que quero ver pelas ruas da minha cidade, e não obeliscos horrorosos e costelas de baleia de aço medonhas que saem do meio da calçada.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Michael Jackson da Uruguaiana

Estudar é uma merda. Já dizia o agente Smith, do Matrix: a ignorância é uma dádiva (eu sei, essa frase tem sido usada há alguns séculos por diversos pensadores, mas resolvi citar Matrix para que meus leitores com baixa escolaridade pudessem entender).

Explico: quanto mais eu leio, quanto mais peças teatrais e filmes de arte assisto, quanto mais eu discuto com meus amigos letrados que acham Kill Bill um máximo (eu acho uma grande merda), mais exigente vou ficando. Mais difícil vai ficando para eu achar alguma manifestação artística que me agrade.

Isso faz com que eu me sinta no meio de um mar de mediocridade, onde novelas são assistidas diariamente por milhões de pessoas, músicas com letras simplórias são grandes sucessos e Paulo Coelho é best seller.

Devido a minha baixa dotação orçamentária, vivo angustiado em meio a plebe e a gentália, assistindo O Caminho das Índias na casa de amigos e ouvindo o funk do filho da vizinha.

Viver no Brasil é foda!

Mas tem um porém (sempre terá um porém). Vez por outra somos brindados com espetáculos que nos fazem refletir, filmes que nos fazem chorar e trupes de rua que nos fazem rir. São os poréns que me mantêm vivo.

Essa introdução foi apenas para mostrar mais um artista anônimo que se apresenta nas ruas do Rio:


Com todos seus problemas (violência, alto custo de vida, baixos salários, desemprego, serviços de merda entre outros) ainda podemos sair na rua e encontrar esse tipo de coisa.



Depois da apresentação e da passada do chapéu, ainda pude presenciar mais uma estranha interação entre seres humanos. Um rapaz com voz afeminada pediu para tirar uma foto como o Michael Jackson. Claro que eu fui escolhido para registrar esse momento. Enquanto eles se preparavam, o diálogo a seguir aconteceu:

(Rapaz com voz afeminada): - É muito difícil ser cover do Michael Jackson?
(Michael Jackson): - Cara, tem que ensaiar oito meses direto. Por quê? Você quer ser dançarino?

O rapaz abre uma sacola, mostrando algumas peças de um figurino de Michael Jackson.

(MJ): - Se você quiser eu posso te ensinar. Faço um precinho camarada.
(RCVA): - Beleza, beleza.
(MJ): - Dependendo de como você se sair, a gente pode até fazer shows juntos.
(RCVA, feliz): - Legal! Legal!

Os dois trocaram telefones. Pensei em anotar o do Michael Jackson para colocar aqui mas desisti.

sábado, 11 de abril de 2009

Pintura com spray na rua

Se você anda pelo Centro do Rio, já deve ter visto a cena a seguir:



Um cidadão pinta quadros utilizando tinta em spray. Ele vende cada peça por dez reais. Reparem o estilo expressionista e surrealista (os especialistas da rua são ótimos).