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terça-feira, 11 de agosto de 2009

Tempos de Paz

Adoro assistir filmes nacionais. Eles possuem uma estética própria, e isso é importante para se diferenciar das produções de outros países.

Esse final de semana assisti Verônica, de Maurício Farias e com Andréa Beltrão. Um filme completamente desnecessário, foi um dispêndio de dinheiro, tempo e trabalho a troco de nada. A energia gasta na produção se esvaiu em interpretações pífias e num roteiro fraco. Verônica não propõe nenhum tipo de reflexão e tampouco serve como entretenimento, já que nem divertido o filme é.

Mas felizmente existem produções excelentes. Fui convidado para assistir a pré-estréia do, em minha opinião, o melhor filme brasileiro já realizado, além de ser um dos melhores filmes que já assisti.

Difícil descrever Tempos de Paz, com Tony Ramos e Dan Stulbach. Veja a sinopse:

Em abril de 1945 os combates da 2º Guerra Mundial já cessavam na Europa, mas o Brasil ainda estava tecnicamente em guerra. O combate entre Segismundo, interrogador alfandegário e ex-torturador da polícia política de Getúlio Vargas, com o ex-ator polonês Clausewitz, confundido com um nazista fugitivo, se desenrola na sala de imigração do porto do Rio de Janeiro. Tudo porque o fim da Guerra, por ironia do destino, é o que tira a paz de Segismundo. Ele teme a vingança de seus ex-prisioneiros.

E hoje chefe da imigração na Alfândega do Rio de Janeiro, Segismundo é quem decide quem entra ou não no país. Clausewitz terá que usar todo o seu talento de ator para provar que não é um seguidor de Hitler. O filme retrata um período crítico da história brasileira e fala do maniqueísmo e da luta pela vida.

Aproximadamente 80 por cento do filme é composto pelo interrogatório entre os dois protagonistas, o interrogador Segismundo (Tony Ramos) e o interrogado polonês Clausewitz (Dan Stulbach, que lembra muito o personagem de Tom Hanks em O Terminal). Só essa breve descrição já é suficiente para deixar muita gente preocupada, afinal de contas, um filme em que quase a totalidade do enredo se passa apenas entre duas pessoas conversando pode parecer monótono e chato. Mas não é, está muito longe disso.

A cena em que Clausewitz interpreta uma de suas cenas para Segismundo é simplesmente genial, chorei copiosamente. Uma das coisas mais bonitas que já vi. Tempos de Paz consegue ser um filme comercial e de arte ao mesmo tempo.

Além dessa linha principal do roteiro (o interrogatório) existe uma história paralela que também é ótima, conduzida pelo médico interpretado pelo diretor Daniel Filho.

Vou ao cinema novamente, dessa vez acompanhado da minha digníssima, que, assim como o personagem de Stulbach, é atriz e vai se identificar muito com as passagens em que ele descreve sua paixão pelos palcos.

Com minha rasa capacidade de fazer um relato objetivo é impossível transmitir a qualidade do filme e fazer uma resenha. Acho que o primeiro Oscar para o Brasil está para sair.

Também ganhei ingressos para assisti O Contador de Histórias, que estreou essa semana. Conta a história verídica de Roberto Carlos, que foi menor infrator e hoje é um dos maiores contadores de histórias do mundo. Assisti uma entrevista dele há alguns anos no Jô e fiquei muito emocionado (também chorei, algum problema?), uma puta história de vida.

Ainda não vi, mas acredito que deva ser um bom filme. O que me deixa preocupado é que gostei tanto do Tempos de Paz, é tão bem feito, que dificilmente superará O Contador de Histórias. Mas O Contador... tem cara desses longas que vão fazer mais sucesso entre o público e a crítica, ainda mais por estar associado ao Criança Esperança, correndo grande risco de ser o indicado brasileiro ao Oscar.

Enfim, são apenas suposições. Depois de assistir eu comento aqui.

Não deixe de assistir Tempos de Paz. Simplesmente imperdível.

Atualização: antes de virar filme, essa história era uma peça teatral com os mesmos protagonistas em cena. Por isso é tão bom. Ponto para o teatro.

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