Texto curtinho hoje só para falar da comida nigeriana da Lateefah na feira da Glória, todo domingo. Uma combinação de temperos única, extremamente saborosa. Seu casal de filhos ajudam na barraca.
São três opções:
Arroz jollof com banana da terra frita e camarão;
Feijão fradinho com banana frita e peixe ou camarão;
Maimai: um bolo cozido de feijão (tipo abará) com peixe ou camarão.
O meu preferido é o arroz jollof, prato típico de vários países africanos, que tem um sabor bem acentuado de defumado. Os camarões são graúdos e temperados com azeite de dendê (R$35).
A feira da Glória é um passeio completo. Dá para comer em uma das diversas opções gastronômicas (acarajé, ceviche, pão com linguiça entre outras opções), depois sentar para beber cerveja e ficar até a roda de samba que começa no final da tarde.
Estive na inauguração da Casa Porto há seis anos, empreendimento do amigo Raphael Vidal, com quem dividi uma casa no Morro da Conceição por dois anos depois que saí da Ilha. Localizada no segundo andar de um sobrado no Largo São Francisco da Prainha, Região Portuária, começou como um centro cultural onde eram realizadas exposições, oficinas, debates entre outras atividades. Fui o convidado de um desses eventos, Arte do Encontro, que chamava algumas pessoas para falar sobre suas trajetórias.
Há pouco o espaço se reinventou e virou botequim. Um dos melhores. Com uma cozinha criativa, faz releituras de pratos clássicos da baixa gastronomia. Esse ano participou do Comida di Buteco com o Bololô, uma torta salgada em formato de bolo de aniversário feito com creme de mandioquinha e linguiça.
Almoços diários: incluem entrada, um prato principal (apenas duas opções, uma delas vegetariana), sobremesa e, na maioria das vezes, refresco. Tudo por vinte reais;
Moelossauro: hambúrguer de moela com polenta cremosa, picles de maxixe e geleia de pimenta. R$20.
Coxina de pernil: feita sem massa, empanada na panko. Acompanha com barbecue caseiro de abacaxi. Aliás, todos os bolinhos, como o de feijão tropeiro com azeite confitado e a patanisca de sardinha com maionese de limão.
O cardápio costuma variar e vez por outra um chefe convidado comanda a cozinha. Durante o mês de junho a casa está oferecendo um cardápio especial junino inspirado nas festas de São João.
Os eventos lá não param. São tão variados que fica até difícil listar. Tem desde tradicionais rodas de samba e exibição de jogos de futebol à culto evangélico domingo de manhã. Só acompanhando pelo Facebook.
O ambiente é outra delícia. Tem uma biblioteca livre e totó gratuito. Tente sentar numa das mesas que ficam nas portas da sacada para observar o movimento no Largo da Prainha. Atendimento carinhoso, um lugar de afetos.
Não costumo ler ficção, com algumas raras exceções. Uma delas é a literatura do João Antônio, paulista que viveu seus últimos anos no Bairro Peixoto, Copacabana, cujos personagens eram malandros jogadores de sinuca, prostitutas, cafetões, alcoólotras, traficantes e demais figuras do submundo das duas pontas da ponte aérea.
João introduziu no Brasil o conto-reportagem, um tipo de texto que reúne a descrição de fatos jornalísticos com a beleza da literatura. Se estiver com tempo, dá uma lida no Um Dia no Cais.
Seu livro mais conhecido é Malagueta, Perus e Bacanaço, que retrata os três personagens que dão nome ao livro numa peregrinação madrugada adentro nas sinucas paulistas atrás de algum trouxa do qual pudessem arrancar algum dinheiro. Eventualmente os três param para tomar um café e comer uma sopa antes de continuar o périplo.
Uma das coisas que me chama a atenção na literatura do JA são as descrições dos bares, principalmente paulistas que, diferentemente dos cariocas, servem café coado ao longo de todo o dia, inclusive a noite. Ele sempre fala do tilintar das xícaras, o som das colheres misturando o café, os pires batendo no balcão e a fumaça da máquina que funciona enquanto o bar estiver aberto.
Por aqui, o lugar mais parecido é o Café Gaúcho, no centro da cidade, perto do Edifício Garagem. Funciona até as 21h e é possível vivenciar um pouco esse ambiente do tilintar das xícaras. Também é excelente para um chope e um sanduíche de carne assada, linguiça ou bife empanado, degustados no balcão, já que a casa não oferece mesas.
Além dos salgados e outros petiscos, dá para comer coalhada seca, tradição esquecida mas que durante muito tempo foi uma opção fácil de achar no Rio, numa época em que as leiterias eram a última parada dos boêmios antes de voltar para casa, que comiam mingau para curar a ressaca depois de uma noite de bebedeira. Das dezenas de opções disponíveis no Centro só restou a Leiteria Mineira, um dia escrevo sobre ela.
A ilha do café fica separada do balcão principal, e é por ali que gosto de apoiar meu cotovelo enquanto degusto um cafezinho no final do dia.
Imagine uma loja sem preços, paga-se o quanto quiser. Nesta loja também não tem caixa registradora, você coloca o dinheiro em um jarro e pega seu troco. Tá duro? Não tem problema, pode pagar outro dia. Parece pouco provável que um estabelecimento desse jeito possa funcionar aqui. A gente até acredita que no Canadá isso seja comum, mas jamais imaginaríamos algo parecido em Pindorama.
Mas acredite, é assim que funciona no Curto Café, cafeteria que fica na sobreloja do Menezes Cortes, Centro do Rio.
"Caixa"
Um quadro exibe todos os custos da loja, fixos (aluguel, contador, limpeza, salários etc) e variáveis (dose de espresso, cappuccino e pacotes de café). É atualizado diariamente com o faturamento, mostrando para os clientes quanto falta para fechar as contas do mês. O ambiente é descontraído, com pufes, bancos e mesas, nas quais é possível ficar o tempo que quiser e usar o wifi liberado sem que ninguém te olhe com cara feia.
O mais bacana é a filosofia de vida dos quatro jovens proprietários, que acreditam no poder da interação entre os seres humanos e na construção de formas mais justas de comércio, e isso fica claro no discurso apaixonado de cada um.
No Curto não existe separação de espaços entre funcionários e clientes. As máquinas e a pia ficam disponíveis e quem tem mais intimidade pode preparar seu próprio espresso. Muita gente também lava a louça por iniciativa própria.
O café é de alta qualidade, produzido no Espírito Santo. Minha namorada adora e tem sido este que bebemos em casa.
Passa lá, fica um pouco e beba um café. O lugar é incrível.
Disse que não escreveria mais sobre restaurantes e botequins aqui, mas tem coisa que não dá para deixar passar. Uma delas é o Esquimó, que fica na Travessa do Ouvidor, Centro, pertinho da livraria.
Um salão estreito e comprido. Na parede esquerda, uma fileira de chapas, panelas e compartimentos para armazenamento de comida. Os atendentes, muitos trabalham na casa há anos, percorrem essa bancada preenchendo pratos com arroz, feijão, salada e demais opções constantes no cardápio. Separando este espaço dos comensais, um balcão que serpenteia todo o restaurante, daqueles comuns em galeterias tradicionais, e pequenos bancos para os clientes.
O esquema é o seguinte: você escolhe uma carne, que vem em um prato separado, e até oito acompanhamentos. O refresco é a vontade (laranjada, caju ou mate) e ainda tem direito a uma sobremesa (pudim, gelatina ou salada de frutas). Tudo isso por R$19*. O prato é enorme e ninguém sai lá com fome. Se quiser mais um pouquinho, eles colocam sem reclamar.
Fica cheio na hora do almoço e é preciso esperar em pé algum banquinho vagar. Se você for com amigos, os garçons sempre dão um jeito pedindo para outros clientes pularem um ou dois lugares para o lado, deixando o grupo ficar junto.
Alguns itens são cobrados a parte, como refrigerante. Por mais um real, sempre peço um ovo com gema mole por cima da hamburguesa. Ver aquele caldo dourado derramando por cima da carne é um espetáculo gastronômico. Se você quiser saber o que é hamburguesa, só indo lá porque não vou contar.
Minha ilustríssima namorada, paulista mais conhecedora de butiquim carioca que muito malandro, foi quem me apresentou o Esquimó. Sempre sentamos no fundo para sermos atendidos pele Geneci. Gente boníssima, está sempre de bom humor.
O clima do lugar é ótimo, excelente lugar no centro para almoçar. É de bom tom deixar uma gorjeta com o garçom, já que são todos atenciosos.
Não tenho mais tirado foto de comida e restaurante. Hoje em dia acho isso cafona. Se você quiser ver outras imagens do Esquimó, vai lá no Destemperados.
Cardápio
As carnes
Bife, bife à milanesa, bife de fígado, carne assada, hamburguesa, picadinhoà americana, frango assado, filé de frango à milanesa, filé de frango grelhado, role de carne, filé de peixe à dorê, filé de peixe à milanesa, língua fresca, carré, lombo de porco, linguiça de porco, bacon com ovos e omelete.
Os acompanhamentos
Arroz, feijão preto, feijão mulatinho, batata frita, purê de batata, farofa, espaguete, brócolis, quiabo, pepino, couve à mineira, beterraba, petit-pois, chuchu, cenoura, vagem, couve-flor, berinjela, salada de batata, salada de legumes, salada russa, salada de grão de bico, salada de feijão fradinho, salada de milho e salada verde.
O Gracioso é um desses botequins tradicionais do Rio. Fica na Rua Sacadura Cabral, que atualmente está sofrendo um banho de loja por conta do Porto Maravilha. Já foi personagem de diversas matérias de jornais e guias. Reabriu há pouco depois de quase dois anos fechado por causa de um incêndio.
Cordeiro do Gracioso
A cerveja Serramalte está bem presente nas minhas mesas ultimamente. Surgiu de forma artesanal no Rio Grande do Sul e na década de 80 foi comprada pela Antarctica, hoje Ambev. Mas fiquem atentos, ela não é puro malte e a inscrição fabricação limitada no rótulo tenta passar uma imagem de diferenciação, quando na verdade ela passa pelo processo de fabricação em massa que suas irmãs Brahma, Antarctica entre outras.
No final de 2011 a prefeitura do Rio tombou 12 botequins pela sua relevância histórica para a cidade. Foram eles: Café e Restaurante Lamas, Bar Luiz, Nova Capela, Restaurante 28, Casa Padadino, Adega Flor de Coimbra, Armazém Senado, Bar Brasil, Bar Lagoa, Cosmopolita, Armazém São Thiago e Adega Pérola. O anúncio foi feito durante o I Seminário Internacional de Bar Tradicional, realizado na Estudantina, em que, obviamente, eu estava presente.
E foi num desses tombados que almocei outro dia. O Restaurante 28 fica na Rua Barão de São Félix, perto da Central do Brasil, numa região com muitos sobrados do início do Século XX, infelizmente degradados. A casa é clássica: chão de azulejos hidráulicos, balcão e estantes de madeira, família no batente. Logo na entrada, várias reportagens de jornais indicando que a coisa ali é levada a sério.
Vindo da região do Trás-os-Montes, em Portugal, Amândio Salgado é o homem à frente do restaurante que há mais de 90 anos está instalado no número que lhe dá nome. Ele veio da terrinha na década de 50 para trabalhar como garçom com os tios, antigos proprietários da casa que acabou herdando. Apesar da relação com o país europeu - e de ainda conservar um inconfundível sotaque - seu Amândio é especialista na culinária brasileira. Os pratos são tradicionais e fartos. Ele mesmo destaca o cozido, a rabada e, é claro, o bacalhau, como as principais atrações. Há ainda opções como cabrito assado com batatas coradas e costela de porco na manteiga. De sobremesa, pudim de leite ou goiabada com Catupiry (fonte).
Comemos o tradicional cabrito com batatas. A porção para duas pessoas custa R$46,00. Bem farta, serve bem.
O viaduto da Perimetral é uma cicatriz no Rio de Janeiro, nunca deveria ter sido construído. Além dos problemas estéticos, ajudou a degradar a área na qual foi construído e serviu como desculpa para a derrubada do Mercado Municipal da Praça XV, conforme já comentei nesta postagem. Toda vez que vejo similar paulista, com toda sua diversidade, cores e cheiros, fico triste imaginando o quanto seria bom poder contar com um espaço daquele por aqui.
Por decisão da prefeitura, a Perimetral está com seus dias contados. Minha opinião está dividida, ainda não sei se concordo ou não. Obviamente gostaria de vê-lo extirpado, mas o custo financeiro desta obra é imenso, principalmente para uma cidade com tantas carências quanto o Rio. Eu sei que mesmo que ele permaneça a prefeitura vai esbanjar o dinheiro em outras coisas supérfluas, mas ainda assim é um gasto que incomoda, beneficiando novamente as empreiteiras.
O que poderia ser feito é a construção de um parque suspenso ao estilo da High Line de Nova Iorque, um antigo viaduto para trens abandonado transformado em uma área de lazer com bancos, espreguiçadeiras, árvores, quiosques, intervenções artísticas e até um hotel. Um lugar incrível, conforme pode ser visto nas fotos abaixo:
Fazer algo semelhante em terras brazucas não é uma idéia nova, algumas pessoas já sugeriram o Minhocão de São Paulo para tal empreendimento. Acredito que o Rio poderia sair na frente e dar este exemplo. Imagina um parque na Perimetral, com ciclovia, restaurantes, bancos, espreguiçadeiras, mirantes, palcos para realização de eventos. Seria ótimo.
A primeira vez que ouvi falar de Benjamin Abrahão foi no filme Baile Perfumado, que conta um pouco da história real deste libanês responsável pelos únicos registros fotográficos de Lampião enquanto vivia no sertão. O filme é excelente, gostei tanto que um dos poucos CDs que tenho na minha estante é a trilha sonora dele. Assista abaixo o trailer (filme completo aqui).
Na mesma época fui a um debate com os realizadores do longa no Centro Cultural Banco do Brasil, no Encontro com o Cinema Brasileiro, evento que acontecia uma vez por mês com sessão de cinema seguido de um bate-papo com os responsáveis pela produção. Era muito bom, pena que acabou.
Algumas pessoas são surpreendentes, por isso prefiro ler biografias do que romances. Certas histórias só funcionam na realidade, se alguém as tivesse escrita em ficção todos diriam que seria impossível tais acontecimentos na "vida real". Benjamin se encaixa neste perfil, por isso fui correndo para a nova loja da Livraria Cultura comprar Entre Anjos e Cangaceiros, que conta a história deste libanês "chapa quente", amigo pessoal de Padre Cícero. Quem recomendou foi Lira Neto em seu Facebook, autor da excelente biografia do Padim.
Ainda na primeira página do livro, parei para ler o perfil do autor, Frederico Pernambucano de Mello. Fica claro, pelo estilo do texto, que ele é historiador. É uma leitura enfadonha e com enormes notas bibliográficas em letras minúsculas, muitas vezes com fatos interessantes que podiam ser incorporados à narrativa principal. As melhores biografias e livros de história hoje são escritos por jornalistas, que sem perder a acuidade da pesquisa conseguem criar um texto fluido, entrando para lista dos mais vendidos. Alguns exemplos são o já citado Lira Neto, além de Laurentino Gomes e Ruy Castro.
Livraria Cultura
Livraria Cultura na Rua Senador Dantas
A amplamente aguardada segunda loja da rede foi finalmente aberta na Rua Senador Dantas, no lugar onde antes funcionava o Cine Vitória. É mais que uma loja, é um centro cultural com teatro, espaço para exposições, café e restaurante, enorme, certamente uma das maiores do Rio. Ainda é pequena com relação as de São Paulo, mas tornou esta capital um lugar mais interessante.
Para comer, o tradicional Café Viena, com destaque para a salada de salmão defumado (R$21,90) e o submarino, café com barra de chocolate meio amargo, leite vaporizado e calda de chocolate (R$6,90).
Adoro os morros do centro da cidade. Já falei aqui sobre o Fim de Semana do Livro no Porto, evento literário muito bacana que aconteceu há poucas semanas no Morro da Conceição.
A Providência foi a primeira favela do Brasil, criada por ex-combatentes de Canudos que esperavam uma indenização em forma de moradias do Governo Federal (saiba mais).
******
Subimos por becos estreitos, entre barracos, lixo, policiais da UPP, escadas perigosas e uns caras com pinta de serem do movimento, mas fomos recebidos com muito carinho pelos moradores que nos guiaram até os restaurantes que procurávamos e pelos comerciantes que participavam do festival, como o Marcelino (Pastel da Aldeia, feito no forno com recheio de frango e azeitona) e a Loura (bolinho de jabá com jerimum). Destaque para a Dona Jura, uma simpatia que servia nhoque de camarão e panquecas de frango numa laje lá no alto, com uma vista estupenda da Região Portuária.
Muitos gringos, muitos cariocas, cerveja gelada, juntamos mesas e ficamos batendo papo com outras pessoas que também encararam as ladeiras e degraus para chegar até a Jura. Uma dessas tardes inesquecíveis.
Lá encontrei o amigo, artista e fotógrafo Maurício Hora, nascido e criado na comunidade cujo trabalho é reconhecido internacionalmente. Uma das suas obras com grande repercussão foi a adesivagem nos muros das casas condenadas pela prefeitura, para a construção do teleférico, de imagens com os rostos de seus moradores. Já contei aqui, a Providência vem passando por um momento muito delicado, com dezenas de despejos realizados a título de "revitalização", realizada de forma arbitrária e sem diálogo com a comunidade. Além desta postagem, abaixo é possível assistir o documentário Domínio Público que conta um pouco mais o que está acontecendo lá.
Voltando ao festival, ele aconteceu apenas neste final de semana, mas ainda dá tempo de participar. No sábado, primeiro de dezembro, será a premiação na Vila Olímpica da Gamboa, das 12 às 21h. E com festival ou não, a Providência sempre estará lá recebendo muito bem os visitantes.
Nhoque a la Jura: R$12,00
Visual da laje da Dona Jura
Visual da laje da Dona Jura, com a Cidade do Samba
Hoje tive uma das tardes mais agradáveis do ano, no Morro da Conceição. Se fosse obrigado a sair da Ilha do Governador e morar em outro lugar, este pedacinho do Rio estaria no topo das minhas preferências. Já falei aqui sobre ele. Pouca gente conhece este morro localizado no centro da cidade que tem forte ligação com a origem do Rio.
Aos pés do Observatório do Valongo e sobre o Jardim Suspenso, diversas barracas de livros e gastronomia, além de uma tenda musical e vários ateliês de artistas locais que abriram as portas para os visitantes.
Casa de Cultura do Porto (CCP)
Na Casa de Cultura do Porto acontecem as mesas de bate-papo, e hoje participei de uma com Paulo Thiago de Mello e Carlos Lessa sobre botequins. Logo depois foi a vez do Sérgio Cabral, pai do governador, que deu uma aula sobre samba e história da MPB.
Depois do evento, a CCP vai fechar para obras e em breve teremos mais um espaço interessante na cidade. Vou acompanhar de perto.
Amanhã ainda tem, então se você quiser fazer um excelente programa cultural, fica a dica.
Você pedala ou gostaria de pedalar no centro da cidade? A Transporte Ativo está colocando em prática mais uma vez seu modelo de solicitação de ciclorotas, que já teve sucesso na Ilha do Governador, Tijuca, Copacabana e Botafogo.
Não tenho dúvidas que em breve o centro do Rio também receberá ciclofaixas e sinalização para bicicletas, mas é preciso participação!
Como participar?
Você precisa indicar as rotas que já utiliza ou que gostaria de utilizar. Isso pode ser feito das seguintes formas:
1- Baixando o mapa em PDF e, utilizando algum programa de edição de imagens, marcar em azul as rotas que já utiliza e em vermelho as que gostaria de utilizar;
2- Imprimindo o mapa em PDF e marcando com canetas azul e vermelha conforme orientação acima;
3- Traça a rota no Google Maps e exportar o arquivo KML.
Este material deve ser enviado até o dia 5 de setembro para o e-mail ciclorotas@ta.org.br.
O Família é mais um desses ambulantes famosos do Rio, já saiu em jornal, reportagem de televisão, no Guia Carioca da Gastronomia de Rua entre outras publicações. Há mais de 20 anos no Centro, vende um excelente churrasquinho no pão com alho na esquina da Avenida Rio Branco com a Visconde de Inhaúma.
Lingüiça no pão
Churrasqueira
Família
Gente boníssima, pode passar lá para comer e bater um papo. Ele começa por volta das 19h e vai até de madrugada, 3 da manhã de segunda à sexta e meia-noite aos sábados.
Antigamente as pessoas costumavam comprar os mantimentos em armazéns. O proprietário e alguns poucos funcionários ficavam do outro lado do balcão pegando os itens solicitados. Existiam poucas marcas, grande parte dos produtos era vendida a granel, em tonéis cheios de arroz, feijão e cereais.
Depois que o Carrefour inventou o supermercado, com imensas lojas e autoatendimento, os armazéns aos poucos foram fechando, mas felizmente alguns ainda sobrevivem. Na Ilha do Governador um exemplo é o fabuloso Bar do Seu Paulo, que apesar de hoje ter as bebidas como carro chefe, preserva o pé-direito alto com várias prateleiras, nas quais oferece alguns produtos para o dia-a-dia do lar, como material de limpeza e enlatados. É o botequim mais antigo do bairro, com mais de cem anos. Vez por outra passo lá de bicicleta para tomar uma meiota, comer um pedaço de queijo parmesão e pastéis. Fiz um pequeno vídeo do estabelecimento:
Mais um clássico centenário é a Casa Paladino, que mantém a decoração e o clima do início do século XX, quando foi fundado. Espécie de secos e molhados misturado com botequim, vende vários rótulos de vinho, destilados nacionais e importados, azeites, licores, geléias, chás, laticínios diversos, entre outros produtos típicos destas casas. Mas são os pratos servidos no salão que fazem a alegria dos clientes. Não vendem pratos completos, mas não se deixe enganar pelos sanduíches, omeletes e porções, além de outros petiscos portugueses. É difícil conseguir lugar na hora do almoço, mas vale a pena. Além de ser tudo muito saboroso, o preço é bem amigável.
Veja abaixo algumas opções de sanduíches (preços aferidos em abril de 2012)
Gorgonzola: R$8,00
Triplo (provolone, presunto e ovo): R$6,50
Queijo do reino: R$6,50 (um dos meus preferidos)
Pastrame defumado: R$7,00
Presunto cru: R$9,00
Omeletes
Camarão ou bacalhau: R$16,00
Polvo português com cebola: R$15,00
Sardinha: R$11,00
Interior da Casa Paladino
Fiquei observando os pedidos das mesas ao lado, todos lindos: ovos com gema mole em cima de torradas, cestas de pães e omeletes diversos. Pedi um sanduíche de presunto cru (R$9,00), que com um chope custou R$13,50. Só pão francês e várias fatias de presunto, não precisou de mais nada para alegrar meu dia.
Sanduíche de presunto cru da Casa Paladino
O presunto cru é muito comum na Europa, sua receita tem mais de dois mil anos, mas algumas cidades brasileiras já produzem alguns de boa qualidade. Trata-se de um pernil maturado que demora um ano para ficar no ponto, consumido cortado em finas fatias, como carpaccio, e vai muito bem com pão e azeite.
Um dos mais famosos é o presunto de Parma, que acabou virando sinônimo de presunto cru, produzido na cidade homônima italiana e que possui cada uma das peças inspecionada pela prefeitura antes de ganhar o selo de qualidade.
Já o pata negra é de origem espanhola, feito com um porco ibérico criado livre no campo, cujos pelos negros nomeiam a iguaria.
Comumente o pernil vem inteiro, com a pata e as unhas, preso numa tábua. Para comer, corta-se as fatias com uma faca bem afiada.
Por conta do processo demorado para produção, é bem caro, mas um dia ainda terei uma peça de pata negra como a acima na mesa da cozinha. Certamente é uma das coisas mais gostosas que já comi.
Todo objeto tem sua história. Foi pensando nisso que começamos a colecionar, pesquisar e reformar antiguidades e tesouros pessoais. No princípio, era um hobby. Hoje, viajamos pelo Brasil explorando antiquários e expomos na tradicional Feira do Rio Antigo, na rua do Lavradio, Rio de Janeiro.
É com o texto acima que os pais do meu concunhado (marido da irmã da digníssima) abre o blog Antiqualhas do Marquês. Nele estão expostas fotos dos objetos que eles comercializam na Feira Rio Antigo Rua do Lavradio. A feira é realizada todo primeiro sábado do mês e é um excelente programa.
Não sei se é típico do Rio de Janeiro, mas o carioca tem forte ligação com os galetos. É só reparar que em cada esquina tem um pequeno franguinho rodando numa rotisserie ou pegando um bronzeado sobre a brasa. E diante de tantas opções, alguns se destacam, entre eles o Galeto Liceu.
Funciona desde 1943 no belíssimo prédio do Liceu Literário Português, perto do Largo da Carioca. Tenho muitas lembranças desta galeteria, sempre almoçava lá com minha mãe quando íamos resolver alguma coisa no Centro.
O Liceu Literário é uma entidade filantrópica criada 1868 por aristocratas portugueses. Ofecere cursos de extensão e pós-graduação em língua portuguesa e era frequentado por D. Pedro II. A atual sede foi inaugurada em 1940 e se destaca pela fachada, painéis internos e decoração sofisticada (veja fotos e um pouco mais da história aqui).
O ambiente da galeteria na loja de esquina do prédio é ótimo, portas duplas de madeira estilo saloon e um enorme balcão que serpenteia o salão. Ao lado da entrada uma pia para que as mãos sejam lavadas, pois precisamos delas limpas para nos atracar com os tenros franguinhos de apenas um mês de idade, abatidos com aproximadamente meio quilo. Num dos cantos fica o braseiro, no qual é possível admirar os petizes ganhando cor.
Galeto com arroz de brócolis, batata frita, farofa e molho à campanha do Galeto Liceu
O galeto completo custa R$25,00 e o meio R$23,00. Ou seja, por causa de dois reais é melhor pedir a porção inteira. Duas guarnições podem ser escolhidas entre arroz branco, de brócolis, de tomate ou ovo, batata cozida, palha, frita, francesa ou purê e salada mista. Além do galeto, pode-se comer peixes, baby beefs diversos, contra filé, picanha, mignon entre outras opções, sempre na brasa.
Pedi o galeto completo com arroz de brócolis, batata frita, farofa e molho à campanha. Com um chope paguei R$31,00 e saí passando mal, já que me recusei a deixar um grão sequer de arroz ou um grama de carne presa aos ossos que jaziam no pratinho. Me emporcalhei todo, derramei farofa pelo balcão, fiquei com as mãos e a cara cheia de gordura, foi uma luta inglória e vexaminosa, as pessoas que passavam ao meu lada olhavam de rabo de olho para aquele troglodita que descarnava os pobres bebês galináceos sem dó nem piedade. Mas venci, meus caros amigos. Eu venci!
Um clássico carioca, recebeu diversas vezes títulos de um dos melhores chopes da cidade.
Sexta-feira, final do expediente. Recebo uma ligação com uma dica quentíssima. Teria que verificar imediatamente. Local da ocorrência: Cinelândia. Pego minha bolsa e saio.
Foi minha digníssima quem ligou para avisar que tinha uma baiana vendendo acarajé em frente ao Palácio Pedro Ernesto. Sapiente que esse é meu prato favorito, tirou imediatamente o celular da bolsa para me avisar. No caminho passei pelo Largo da Carioca e lá estava a Cida, que já descrevi nesta postagem de 2008. Ela não aparecia por lá há algum tempo, mas em setembro o alcaide Eduardo Paes autorizou as baianas a venderem seus quitutes nas ruas (link) e o Rio aos poucos está sendo tomado pelo cheiro do azeite de dendê, deixando a cidade mais feliz.
A barraca do Rosa está sendo montada de terça a sexta, das 13 às 20 horas, aproximadamente, bem no meio da Cinelândia. O acarajé estava gostoso, bem dourado, mas muito pequeno e achatado. Em poucas mordidas já tinha acabado, além de ser pouco suculento. Na Ciça, que para mim é o que todo acarajé deveria ser, o comensal passa alguns segundos rodando o quitute na mão procurando o melhor lugar para morder, de forma a não se sujar tanto e não fazer com que o farto recheio caia. É muito suculento e deixa a boca toda em festa, além de ter o mesmo preço.
Acarajé da Rosa - gostoso, mas pequeno e pouco suculento
Resumindo: a Rosa tem potencial, sabe preparar acarajé, só precisa parar de judaria e aumentar o bolinho e a quantidade de recheio. Continuarei com minha querida Ciça.
Atualização (jan/13): A Paulistinha reabriu em dezembro passado e a chopeira continua a mesma. Atualização (dez/11): Boa notícia. A Paulistinha vai reabrir. Previsão para março. Só espero que a chopeira continua a mesma.
Atualização (jan/10): Infelizmente A Paulistinha fechou. Outro dia passei lá e encontrei o bar fechado. Pensei que estivesse em reforma, mas não. Foi-se o único paulista gente boa do Rio. E pior: perdemos junto outra chopeira vertical de bronze. Agora são pouquíssimas em funcionamento na cidade, que aos poucos estão sendo substituídas por chopeiras elétricas. Acredito que é uma excelente oportunidade de marketing para a Brahma, produzir mais alguns exemplares e não deixar esse tipo de equipamento ser extinto.
*****
Não costumo beber chope por dois principais motivos:
1- Sentar em bar para beber até ficar completamente bêbado saciado é uma coisa que faço com certa freqüência, no mínimo duas vezes por semana. Diante disso, pagar uma média de 4 a 5 reais por um chope não cabe no meu enxuto orçamento.
2- Está muito difícil achar um chope decente no Rio de Janeiro, na Ilha do Governador ainda mais. A Praia da Bica é uma tristeza, o único decente é o do Doc Sax. No Mexe México peça cerveja.
Dois dos motivos pela queda na qualidade desta bebida são a popularização das chopeiras elétricas e falta de critério dos bebensais.
Era muito comum as chopeiras de bronze torneadas feita pela Brahma, mas hoje só são encontradas em, no máximo, 5 bares na cidade, como o Bar Brasil e o Bar Luiz, ambos no centro. Fica aqui uma sugestão para o marketing da Brahma, produzir mais algumas unidades para bares escolhidos em concurso popular ou de alguma outra forma.
O bar A Paulistinha, perto do Campo de Santana, ainda possui uma dessas relíquias. Dá uma olhada na foto abaixo:
Chopeira de bronze vertical da Brahma com serpentina de 100 metros
Uma maravilha, dá pra ficar ali o dia inteiro só olhando esse chope cremoso saindo. Mas só a chopeira não faz milagre, é necessária habilidade do tirador, dosando a quantidade de gás certa para o líquido e o colarinho (um dia explico melhor sobre a arte do chope). Acima, o Quintino fazendo um excelente trabalho.
A Paulistinha é um botequim extremamente simples, um desconhecido que passe pela porta certamente não terá noção que ali fica guardada essa preciosidade.
Os petiscos também são ótimos, destaque para o bolinho de bacalhau e as cebolinhas e salsichinhas em conserva.
O bar foi fundado em 1938 em um antigo sobrado e seu nome é uma homenagem à esposa do primeiro dono.
Serviço
A Paulistinha
Avenida Gomes Freire, 27 (próximo à Praça Tiradentes e ao Campo de Santana)
Bolinho de bacalhau: R$3,00
Cebolinha e salsichinha em conserva: R$0,50 a unidade
Não tenho vontade de morar fora da Ilha, mas caso fosse necessário, um dos lugares que cogitaria seria o Morro da Conceição. Pois é lá que acontece o Projeto Mauá, versão local do Santa Teresa de Portas Abertas.
Praça Major Valô, em frente à Fortaleza NS da Conceição. Fonte da imagem.
Neste final de semana, 2, 3 e 4 de dezembro, todos os ateliês do bairro estarão abertos para visitação, além de outras atividades. No sábado e domingo alguns shows animarão a Praça Major Valô, que fica em frente à Fortaleza Nossa Senhora da Conceição, no alto do morro. Taí um lugar excelente para curtir um show, ainda mais com Orquestra Voadora e Escravos da Mauá. Programão.
No vídeo abaixo, o historiador Milton Teixeira fala sobre o morro:
Para ver tudo que vai rolar, clique na imagem abaixo. Visite o site do Projeto Mauá.
Continuo minha peregrinação pelo Rio Velho. Uso o adjetivo Velho para distinguir do Rio Antigo, que apesar de também ter construções do XIX e início do XX, ainda não recebeu a devida atenção do poder público, estando em completo abandono. Isso em parte é positivo, já que fica longe das garras das empreiteiras, podendo, assim, conservar certas manifestações impossíveis de seram preservadas de outra forma. Mas acredito que em breve essa região ficará nos holofotes e serão a bola da vez da "revitalização" da cidade, que, conforme já expliquei, não requerem "revitalização", já que nunca houve falta de vida em suas ruas.
Desta vez prestigiei o Café e Bar Matutino, que fica na periferia da Central do Brasil, numa região esburacadas, com poças de águas fétidas e pessoas estranhas circulando. Possível cracolândia depois do pôr do sol, mas que durante o dia recebe trabalhadores e moradores da região.
Como cheguei tarde, a única opção para o almoço era um churrasquinho com salada. Churrasquinho em butiquim, ao contrário do que o nome sugere, é um bife qualquer frito numa chapa suja. A carne não estava lá essas coisa, continha restos queimados das outras coisas anteriormente preparadas na chapa, mas o feijão estava ótimo. Os legumes também estavam bons.
Um dos dois salões
Pimenta
Churrasquinho com salada: R$9,50
O PF (Prato Feito) custa R$9,50 e o restaurante fica ao lado do Flôr do Tamega, casa com entrada discreta, cozinha menos duvidosa e antiga conhecida da boemia intelectualizada do Rio.