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sábado, 21 de agosto de 2010

Praça XV e Voz do Povo - Memória do Rio em Ditos

Poucos lugares foram palco de tantos acontecimentos históricos no Brasil quanto a Praça XV. Foi ali que a família imperial desembarcou em 1808. De uma janela do Paço, o Príncipe Regente D. Pedro de Alcântara disse ao povo que ficaria. Foi neste mesmo palácio que a Lei Áurea foi assinada.

Na Igreja Nossa Senhora do Carmo D. João VI foi consagrado Rei de Portugal, Brasil e Algarves, a única sagração de um Rei europeu realizada em terras americanas. Na pia batismal da mesma igreja, D. Pedro II e Princesa Isabel foram batizados.

D. Pedro I, em dezembro de 1822 e D. Pedro II, então com apenas 15 anos, em julho de 1841 foram sagrados reis.

Tiradentes ficou numa prisão onde hoje está localizado o palácio que leva seu nome, antes de ser levado para forca na praça também homônima.

A Praça XV é um lugar riquíssimo e uma das maiores atrocidades cometidas nesta cidade foi a construção do Elevado da Perimetral no meio dela, erguido na década de cinquenta pelo prefeito Negrão de Lima. Em qualquer país sério, um espaço como aquele seria patrimônio histórico. Eduardo Paes quer demolir o elevado, mas até agora só o trecho da rodoviária até a Praça Mauá já foi confirmado para ir abaixo.


Ontem, indo em direção a estação para voltar de barca, reparei algumas instalações na praça que chamaram minha atenção. Eram intervenções que contavam um pouco dessas história, desconhecida da maioria dos cariocas. Um banco com diversas placas pedia aos transeuntes que ficassem. Os que assim faziam, poderiam ler um pouco sobre o Dia do Fico.

Um cubo de lona com armação de metal, com uns dois metros de lado e iluminado por dentro, mencionava a Lei Áurea, com um espaço no qual qualquer pessoa pode assinar seu apoio. Escrevi meu nome lá. Em outra face, imagens de escravos com espelhos no lugar do rosto, onde o observador vê sua própria face refletida, significando que todos nós, por causa da miscigenação, temos sangue negro nas veias.

Ao lado do Paço, uma passagem dos reis, citando o túnel que liga o palácio à Igreja do Carmo, logo em frente, para que a família imperial não precisasse se misturar com a plebe ao cumprir suas obrigações religiosas.

Enormes painéis de papel com negros com braços levantados cobrem os pilares do viaduto. É uma alusão a participação dos escravos na construção deste país.


A iniciativa faz parte do projeto A Voz do Povo: Memórias do Rio em Ditos, que estará presente também na Cinelândia, Largo do Machado, Lapa e Glória. Os ditos ficam em placas ao lado das obras, que contam um fato histórico que aconteceu naquele lugar.

É esse tipo de arte que quero ver pelas ruas da minha cidade, e não obeliscos horrorosos e costelas de baleia de aço medonhas que saem do meio da calçada.

2 comentários:

  1. Pergunta naïve de um ser que ignora: em que o elevado "atrapalha" e/ou destrói a história (e mesmo a arquitetura) da Praça XV?

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  2. Aquilo é horrível, serve como banheiro para pedestres sem educação. Fede.

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