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terça-feira, 3 de abril de 2012

Sobre sexo e violência

Sou uma pessoa que consome conteúdo de diversos meios. Todos os dias eu leio um pouco (livro, jornal ou uma das revistas que assino), ouço rádio (notícias e entrevistas), assisto televisão e visito blogs e outros sites. Tento sempre manter a independência dos meus pensamentos, morro de medo de virar ou ver as pessoas virando personagens de romances como 1984 e Admirável Mundo Novo. 

Manter a independência do meu pensamento é um dos objetivos quando consumo informação, e um meio que tenho particular apreço são as charges. Algumas pessoas possuem a capacidade de explicar em um desenho com três quadrinhos conceitos que muitos tentam em livros inteiros e não conseguem. Millôr Fernandes, falecido recentemente, era uma dessas. Suas charges eram tapas na cara porque sempre me faziam sentir exposto, minha intimidade e a da sociedade escancarada de forma cruel e irônica.

Tenho vários cartunistas na minha lista de preferências, e um deles é o Adão Iturrusgarai.


Piadas e comentários comuns falam da escassez do sexo no casamento. O que pode parecer apenas uma brincadeira, tem um triste fundo de verdade.  Pergunto aos meus leitores com mais de cinco anos de matrimônio ou relaciomento estável: quantas vezes por mês vocês fazem sexo com seus parceiros? É claro que existem casais que conseguem manter um vida sexual ativa depois de muito tempo, mas são exceção.

Conversando com amigos mais próximos percebo esta triste realidade escondida atrás de um casamento aparentemente saudável, que as pessoas fazem questão de manter. A rotina acaba mesmo com o tesão, e, segundo Regina Navarro, ele acaba na mesma proporção em que a amizade, carinho e solidariedade aumentam (saiba mais). As opções diante deste dilema são: separação, vida celibatária, relacionamento aberto, traição, swing, sexo a três, grupal e suas variações.

Fico pensando no por quê das coisas serem assim, e o principal motivo para essa fonte de sofrimento é o moralismo cristão, que transformou o sexo em pecado, em algo sujo. Além disso, a falsa idéia de que quando se ama alguém só se pode sentir atraído sexualmente por ela.

Milhões de pessoas sofrem diariamente deste mal, ou porque tiveram que abdicar deste prazer, ou pela culpa da traição. Mas, felizmente, o mundo tem dado alguns parcos sinais de mudança. Agora existem muitas matrizes de relacionamento que aos poucos vão sendo aceitas socialmente, como os relacionamentos abertos, relacionamentos estáveis sem necessidade de casamento e casais que moram separados, além da profusão de casas de swing e sexo grupal que estão sendo abertas pela cidade. Se você não conhece nenhuma, foi porque nunca procurou.

Devemos encarar o sexo como algo natural e saber que sentir atração por outras pessoas é um desejo natural. Transar com terceiros (ou quartos, quintos) não significa que não temos amor pela nossa companheira ou companheiro. Pode até ser algo benéfico, já que ajuda a sair da rotina.

Não vou me estender mais neste assunto, já que os manuais da redação para internet dizem para escrevermos textos curtos. Queria apenas mencioar o fato do governo agora dar classificação livre para cenas de nudez na TV e cinema quando não há apelo sexual (saiba mais). Aos poucos o corpo e o sexo estão deixando de ser algo sujo e são encarados com mais naturalidade.

Lembro que apoiei o texto do Pedro Cardoso contra a nudez no cinema (saiba mais), e agora veja o quanto isso é moralista. Apesar da digníssima ser atriz (nunca se sabe que tipo de cena ela protagonizará), hoje concordo apenas em partes com o manifesto.

Enfim, enquando peitinhos eram proibidos na Sessão da Tarde, mortes por tiros em filmes policiais eram permitidas. Acho que está na hora de mudar esta lógica, do sexo ser visto como algo natural e assassinatos e violência como pecado ou algo que o valha.


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