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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Uma singela (e meio gay) homenagem

Dizem que os laços sanguíneos são os mais fortes na união de duas pessoas. Pessoas unidas pelo sangue são incapazes de perpetrar atos de traição uma contra a outra, estão sempre disponíveis nos bons e maus momentos. Atos desleais entre dois irmãos de sangue é um crime ainda mais hediondo, que causa revolta ainda mais fervorosa e condenável em qualquer sociedade.

Mas eu conheço outro líquido muito mais poderoso que pode unir pessoas: o azeite de dendê. Toda sexta o Carcará e eu nos encontrávamos na Ciça para comer acarajé. Nossos encontros ficaram famosos e recebíamos convidados variados neste ritual. Mas Carcará vai partir, alçará vôo não para se alimentar de carniça, como fazem estas aves, mas para se alimentar do velho mundo.


Nosso ritual de sexta estava seriamente ameaçado, mas seu irmão, Léo, experimentou e gostou deste típico prato baiano. Como eles são gêmeos, a diferença seria pouca. Uma cerimônia de transferência de posto marcaria esta troca. Carcará, com a colher de madeira usada no preparo do acarajé, bateria em cada um dos ombros e depois na cabeça do Léo, que ajoelhado sobre uma das pernas, seria nomeado Real Comedor de Acarajé, protetor eterno de toda baiana e suas receitas. Um banho com azeite de dendê finalizaria a cerimônia. Mas mais uma vez o destino colocou suas garras para fora e deu um solavanco em minha vida.


Mas encontramos um meio termo: nossos encontros acontecerão às terças, deixando minha sextas livres. Se você encontrar um belo rapaz deprimido, sentado num banquinho no arco do Telles e enchendo a cara com cerveja e acarajé, este pobre rapaz sou eu. Não se acanhe e faça uma aproximação. Afinal de contas, o único objetivo deste blog é o diálogo.


Boa sorte Carcará.

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