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terça-feira, 5 de junho de 2012

Heil Hitler

Capacete é um item fundamental para quem pedala, principalmente para quem pedala pela Rio Branco em horário de rush, como eu. Como sempre achei os modelos disponíveis horríveis, só agora comprei um que me agradou.


Depois de muito pesquisar, resolvi comprar um original de Segunda Guerra, que ao contrário do que imaginava, não é tão caro. O problema é que seria necessária uma restauração, com colocação de material interno moderno e novas presilhas, trabalho além do que estava disposto a despender. Achei uma oficina em São Paulo que faz uma réplica de um modelo alemão e foi esse que comprei.

Inicialmente fiquei preocupado em transmitir uma mensagem errada, como se houvesse uma guerra entre ciclistas e motoristas. Não se trata disso, pedalar é um ato de amor e paz, e longe de mim incentivar qualquer interpretação contrária a isso. Mesmo assim não abandonei a idéia de usar um item belicoso apenas por estética.

O que eu não imaginava era a repercussão que o capacete teria pelas ruas. O tempo todo ouço comentários do tipo "olha lá o capacete do cara", pessoas me perguntam onde comprei, quanto foi, elogiam.  Também já recebi alfinetadas de pessoas que, se não me chamaram de nazista, pelo menos acham uma atitude de mau gosto sair por aí com tal acessório.

Também descobri que o Rio tem um monte de especialista em Segunda Guerra. O capacete é uma réplica de um modelo alemão, mas a estrela é um símbolo dos Aliados. A primeira pessoa que me contou isso eu não dei muita bola, achava que ela estava errada. Depois outro me falou a mesma coisa, e mais um. Agora não tenho dúvidas, estou pensando em enviar um e-mail para o fabricante para avisar que faltou pesquisa história no momento de projetar o capacete.

Mas o episódio mais assutador aconteceu em frente ao Shopping da Gávea. Um cidadão bem vestido, com roupas esportivas, caminhando com o filho, depois de fazer um elogio, disse que eu deveria trocar a estrela por uma suástica. Fez a famosa saudação nazista, esticando o braço direito com a palma da mão virada para baixo e gritou "heil Hitler". Perguntou se eu também era neonazista e, depois de ouvir minha negativa, tentou me convencer a entrar para a causa e foder os judeus.

Impressionante, num primeiro momento achei que era brincadeira, mas a história era séria. Aparentava um típico pai morador da Gávea passeando com o filho no shopping, mas era um nazista FDP. Difícil acreditar que esse tipo de gente ainda exista e frequente os mesmos lugares que eu.

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