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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Carnaval, futebol e revolução

Tem dia que não consigo segurar as lágrimas durante os ensaios na União da Ilha. A bateria parece que toca dentro do peito, toda aquela gente cantando e pulando, as passistas que são a visão mais encantadora da qual tenho lembrança, tudo isso mexe muito comigo. O que mais me deixa emocionado é ver toda uma comunidade unida por uma causa comum. Não gosto de futebol, mas é uma manifestação popular semelhante.

A falta dessa experiência coletiva tem consequências graves. O individualismo faz com que as pessoas não respeitem mais o próximo, que além de gerar inúmeros casos de violência, as afastam da busca pelo bem comum. Gera preconceito e racismo. Cria um horda de narcisistas que valorizam o ter em detrimento do ser, consumismo desenfreado que esgota os recursos do planeta.

O carnaval e o futebol são resistências contra o individualismo, são elementos agregadores que mantêm uma unidade comunitária e gera felicidade.

Semana que vem vou dar uma palestra sobre bicicletas numa grande empresa, uma multinacional na área de logística, mas na verdade pouco falarei sobre esse meio de transporte. Meu foco é sobre como atividades em conjunto e um planejamento urbano adequado pode contribuir para criar cidadãos mais felizes e diminuir conflitos. Fazer atividades em grupo é o que gera felicidade, conforme pesquisa publicada recentemente. Abaixo um dos slides da minha apresentação, mostrando alguns títulos de notícias sobre o assunto:


Por isso não teço críticas ao futebol e ao carnaval como muitos amigos e intelectuais costumam fazer, acusando-os de serem manifestações alienantes, que tiram o foco de causas mais importantes como a luta contra a corrupção. Acredito no contrário, que esta energia um dia será canalizada para a transformação. É uma energia que está sendo acumulada, prestes a explodir.

Certa vez assisti uma palestra do João Pedro Stédile na qual ele falava que as sociedades possuem um comportamento cíclico: calmaria, preparação e revolução. A análise histórica mostra isso, nenhum povo aceita a corrupção e desmandos de seus governantes por muito tempo. Temos um passado revolucionário muito forte e, segundo Stédile, estamos na fase de preparação para um dia dizermos definitivamente basta e derrubarmos nossos opressores.

Acredito que quando esse dia chegar, quando o Brasil fizer a revolução, será com  a mesma paixão e amor com que fazemos o carnaval e o futebol.

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