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quinta-feira, 22 de maio de 2014

Drogas e Alemanha

Já falei do alemão que está lá em casa. Ele acumulou em férias e horas extras o equivalente a um ano, que agora está gastado viajando por aí. Psicólogo, trabalha com adolescentes vítimas de violência doméstica, dependentes químicos e em outras situações de risco social.

Fiquei curioso para saber como a Alemanha lida com esse problema, já que na Terra Brasilis os parcos esforços do poder público são completamente inúteis. Tive especial curiosidade para ter informações no quesito drogas, como um país que se importa um pouco mais com sua população faz para tratar jovens adictos.

O que me surpreendeu não foi a resposta, mas saber que é possível um Estado criar uma estrutura com alto índice de sucesso na recolocação de pessoas que sofreram traumas de volta ao convívio social. Lá, cada caso é tratado de forma individual, cada jovem recebe um tratamento único oferecido por uma junta de profissionais. O alemão, por exemplo, é responsável por atender apenas 5 pacientes, mas existem casos dessa relação ser um por um. Você consegue imaginar, aqui no Brasil, um psicólogo público contratado para atender apenas uma pessoa em uma terapia que dura anos? Pois bem, em muitos casos esta é a única solução capaz de recuperar uma vida.

Ele é uma espécie de tutor, dá conselhos, orienta e ouve os cinco adolescente em uma casa mantida pelo governo. Cada um deles recebe um dinheiro semanalmente (será uma bolsa vagabundo?) e uma de suas tarefas é fazer com que os meninos saibam administrar essa verba durante esse período.

Amiguinhos, cuidado com as drogas (imagem meramente ilustrativa)

Na etapa seguinte do tratamento, e última, o paciente vai morar em um apartamento sozinho mas continua sendo tutoriado, acompanhado e recebendo o dinheiro para suas despesas. Voltar, ou continuar, os estudos e o encaminhamento para o mercado de trabalho finalmente indicam o sucesso da recuperação. Esse processo não tem duração predeterminada e pode levar anos. Agora compare com a forma como tratamos nossos jovens viciados em crack que perambulam pela Avenida Brasil como zumbis.

Aqueles que não querem se tratar recebem do governo seringas e, pasmem, drogas gratuitas, que podem ser usadas em estruturas públicas asseadas. Os benefícios foram muitos, diminuíram as mortes, os assaltos, já que o usuário não precisa mais roubar para conseguir o dinheiro necessário para comprar os entorpecentes, o tráfico, pois o Estado fornece gratuitamente narcóticos. Paralelamente são realizadas campanhas educativas, principalmente em escolas.

Obviamente o sistema não é perfeito, mas é um dos mais eficientes do mundo. Aqui no Brasil continua vigorando a política de repressão e criminalização. Até quando?

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