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segunda-feira, 25 de maio de 2015

Paradigma da escassez e da abundância

Na faculdade, um professor resumiu assim o objetivo das ciências econômicas. Existe grande probabilidade d'eu ter entendido errado, mas foi desta forma que ficou na minha cabeça:

Os desejos humanos são infinitos, mas os recursos disponíveis no planeta são finitos. A economia administra a finitude dos recursos com os desejos sem fim das pessoas. Um exemplo: em tese, todos queremos carros e mansões, mas não existe na terra minerais suficientes para produzir tantos carros nem espaço nas ruas para abrigar os veículos, da mesma forma que não há terreno para que cada pessoa more numa casa com dois hectares, cinco andares e 40 quartos. É aí que entra a economia, gerindo, teoricamente, da melhor forma possível desejos e recursos.

Este é o paradigma da escassez, e o caminho que a humanidade achou nesta gestão foi o dinheiro. Cada pessoa possui uma quantidade x de dinheiro, conseguida através do trabalho ou dos rendimentos de seu capital, entre outras maneiras, e usa como bem quiser.

Isso para mim fez muito sentido até agora, quando vi o quadro abaixo, que mostra uma outra lógica de se pensar desejos x recursos, que é o paradigma da abundância.


Essa discussão está muito incipiente, ainda no campo da auto-ajuda e qualidade de vida, mas espero que um dia chegue às ciências econômicas.

Mudança de pensamento na academia

Meu curso de pós-graduação na Fundação Getúlio Vargas foi eleito o melhor do ano em que me formei, e estudamos a cadeia de suprimento tradicional verticalizada, ou seja, a saída da matéria-prima para a fábrica, de lá para os atacadistas, varejo, consumidor e descarte.


O problema neste processo é que depois que o produto perde utilidade,  o que sobra não é reutilizado para a fabricação de novos artigos, simplesmente vira lixo. Um novo modelo já estava sendo discutido, mas a academia não tinha atualizado seus livros e métodos de ensino. Apesar de ser uma instituição de ponta, a logística reversa não tinha chegado às salas de aula.


Na cadeia de suprimento cíclica, como no gráfico acima, o descarte vira matéria-prima novamente, alimentando uma sistema de produção sustentável. É uma mudança simples na forma de enxergar o mundo, mas com grande impacto. Assim vejo o paradigma da abundância, que espero possa ser investigado com seriedade e um dia chegar às cadeiras universitárias e ao dia-a-dia das pessoas, uma nova forma de encarar a gestão entre recursos e desejos que se faz extremamente necessária quando o objetivo é a preservação ambiental e a diminuição das desigualdades sociais.

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Atualização: logo depois que escrevi esta postagem, li esse texto que também bate de frente com o atual modelo econômico. É o decrescimento. Vou acompanhar.

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